quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lampaça - Forno Comunitário da Lampaça


Este Forno Comunitário da Lampaça, outrora, tinha a parede principal enviesada de um granito reboludo enegrecido pelo fumo. Se a memória não me falha a parede foi derrubada para dar lugar a uma de tijolo cru por questões de segurança e manutenção do telhado. Hoje, qualquer família já possui forno a lenha em casa, embora, servem mais para assar grandes quantidades de carne em dias festivos ou cozer os Folares na época da Pascoa, do que propriamente para cozer pão.
Falar do forno comunitário implica, forçosamente, ter de falar dos moinhos e da sua gente. Uma vez o grão na tulha centeio ou trigo, este tinha que ser moído. Após os habitantes possuírem a farinha era necessário ter um meio para transformar a farinha em pão e, para tal, o forno era o meio necessário. Como pouca gente tinha a possibilidade de ter um para proveito próprio, foi criado o Forno Comunitário muito propagado na Idade Media. Este era administrado por uma família que o abria à restante comunidade. Desta forma, quando alguém necessitava de o utilizar tinha de falar com essa família e aguardar pela sua vez. Normalmente, as pessoas davam um pão como troca da sua utilização.
Mas o forno, não tinha só esta utilização, era muitas vezes o local para encontrar pessoas dispostas à jeira. Às vezes, era ver um amontoado de gente que aquecia corpos húmidos, remexendo o borralho, com roupa pesada que se agarrava ao corpo. Servia, muitas vezes, de abrigo a um transeunte ocasional que por aqui passava. No forno, os corpos curvados com a roupa de lã humida exalavam vapor que era inalado juntamente com o fumo dos cigarros de cabeça atada, por entre gases bafientes de aguardente e vinho acidulado que entrava a baforadas. A chuva e os dias gelidos  empurrava-os para o forno, era o seu refugio e o único lugar seco.
Nos dias friíssimos e chuvosos, albergava latoeiros e amoladores que faziam milagres em potes e caldeiras já rarefeitos de tanto uso. Às vezes era um ensejo para ir a um arraial ou saquear fruto alheio ou reconfortar corpos sedentos.
O Forno Comunitária da Lampaça permanece ali, invisível, parecendo ninguém reparar nele.

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